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A ciência do estacionamento


Como foi sua última experiência ao estacionar? Tratar de qualquer tema que esteja diretamente relacionado com “estacionar um veículo”, pode causar certo desconforto em muitas pessoas. Independentemente do tipo de atividade com a qual um indivíduo esteja envolvido, este sempre terá uma relação direta e intensa com os espaços destinados ao fluxo e ao armazenamento de veículos, sejam estacionamentos, garagens, pátios de manobras, entre outros. Esta má impressão sentida pelos usuários, é resultado de uma forte e resistente cultura existente no Brasil, que é de não proporcionar, nas fases de projeto e de planejamento, benfeitorias que possam resultar em uma melhor ocupação do espaço, gerando maior eficiência e conforto aos usuários. Segundo dados fornecidos pelo Denatran no último mês de maio, a frota atual de automóveis no Brasil é de mais de 50 milhões de unidades e a total de veículos, incluindo outros modais, somam mais de 91,5 milhões de unidades. Já nos Estados Unidos, o número de unidades, apenas de automóveis, ultrapassa a quantidade de 250 milhões. Comparando estes números, pode-se dimensionar a grande diferença na atuação operacional de estacionamentos nos grandes centros da terra do tio Sam. Outra relevante diferença é a importância que se dá no momento de se planejar um local de maneira eficiente e de acordo com as reais demandas e necessidades de determinado empreendimento. É importante atentar para as diferentes tipologias de uso e sempre levar em conta os variados tipos de “agentes” atuantes neste espaço: pedestres, bicicletas, motocicletas, automóveis, ônibus ou caminhões. Nos Estados Unidos e no continente Europeu, estes números justificam a existência de uma grande quantidade de associações e profissionais que estão envolvidos com o mundo “parking”. Um exemplo de que o setor brasileiro se encontra em uma posição relativamente atrasada neste meio, é o pouco tempo de existência da Abrapark, criada em 2005, para representar nacionalmente o setor de estacionamentos. Por outro lado, a associação americana da industria de estacionamento (National Parking Association) possui 65 anos e traz consigo um grande número de associados (2.500). Os encontros, conferências e trocas de informações entre todos os envolvidos devem ser potencializados, para que assim, o mercado brasileiro como um todo, passe a aceitar e assumir as novas tendências e soluções voltadas para estacionamentos e garagens. Através de algumas experiências e utilização de “boas práticas” internacionais, além dos contínuos estudos aprofundados da realidade existente hoje no Brasil, criou-se uma metodologia de padronização para a utilização dos espaços destinados a veículos, os chamados estacionamentos de alto desempenho. Todos os tipos de empreendimentos (desde edifícios residenciais e corporativos, passando por complexos comerciais ou de varejo e chegando ao setor industrial) possuem, ou deveriam possuir espaços bem pensados para que funcionem de maneira independente. A compatibilização entre a escolha do melhor tipo de operação, definições projetuais de layout, coerentes estudos de fluxos, aplicação de uma correta sinalização e uso de determinada tecnologia podem definir um espaço de maneira assertiva. Decidir, por exemplo utilizar um equipamento automatizado (robotização) para aumentar o numero de vagas do empreendimento antes de analisar todas as possíveis soluções técnicas de novas distribuições de vagas. Ou executar a implantação de sinalização vertical de veículos antes de realizar um detalhado estudo dos fluxos de todos os agentes do sistema estacionamento, são alguns erros que podem acabar gerando conflitos na operação e em muitas vezes elevados gastos desnecessários. Os projetos, antes de atender às restrições urbanísticas e normativas técnicas para a área de estacionamentos e garagens, devem se preocupar em entender de maneira sistemática, quais serão as principais necessidades da posterior operação deste local. Desta maneira, é preferível que o cliente de determinado empreendimento tenha uma ótima impressão do local, e que essa impressão possa ser causada pelo estacionamento, como por exemplo, a economia de tempo ao procurar por uma vaga, números reduzidos de manobras a serem executadas, a preocupação com a própria estética do local e inúmeras outras experiências positivas no ambiente do estacionamento. O objetivo de todos os profissionais, empresas e associações envolvidos com o “negócio estacionamento” deve passar a ser de fazer com que no futuro os usuários (cliente final) dos estacionamentos, de garagens, de pátios de manobras e de qualquer outro espaço destinado à veículos, entendam a importância que é de estar em um ambiente bem planejado, confortável e seguro.


Ricardo Sigel -Arquiteto e Sócio-diretor da GaragePlan Parking Design contato@garageplan.com.br


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